Descrição enviada pela equipe de projeto. O edifício existente, situado numa rua estreita de Alcântara em Lisboa, não apresentava qualidades de exceção. Para além da fachada informada e rigorosa - que confere caráter ao conjunto urbano da rua - todo o seu interior estava em ruína quase iminente. No lote de 7 metros de largura e 22 metros de comprimento, construiu-se a volumetria máxima permitida pelo Regulamento Geral das Edificações Urbanas em Portugal.
Havia desejo de espaço. Para conseguir a altura máxima manteve-se a fachada existente, caso contrário o edifício teria de ser mais baixo afetando a altura de todos os pisos. Construiu-se uma cave para arrumos e o comprimento do edifício aumentou para máxima dimensão permitida, os 15 metros, ficando os outros 7 para pátio. Na cobertura em vez de telhado em duas águas optou-se por um terraço. Deste modo, no topo, o edifício ganhou o céu e a vista em todo o seu entorno. No interior a casa dividiu-se longitudinalmente em duas zonas distintas. Na primeira situam-se todas as áreas técnicas, condutas, circulação, cozinhas e casas de banho. Na segunda ficou unicamente espaço.
O edifício - que tem duas casas comunicantes entre si - abre-se para o exterior dos pátios e para o terraço. Na casa de cima há uma grande clarabóia que ilumina as salas e os quartos. Para reforçar o caráter informal da casa, pretendido desde o início, optou-se por acabamentos crus. Os armários da zona social não têm portas. No terraço há um tanque e uma zona de banhos e no verão as pessoas percorrem a casa descalças e quase nuas.